16 de mai. de 2013

Teobaldo e Beatriz

(este texto contém pedaços de realidade, de coisas que eu inventei e talvez tenha farelo de biscoito, não há horários para lanchinhos no modo de vida que levo)
(os nomes são fictícios, só pra lembrar)

 Fomos. O que era? Nunca definimos ao certo, mas hoje vejo, com a nitidez que o míope vê quando põe os óculos, que era amor. Era grande, era lindo, repentino, espontâneo e verdadeiro. Como amor tem que ser, como foi. Era daquelas histórias lindas, que ia dar gosto de contar no almoço de domingo. A história de como começou, de como atravessamos todas as dificuldades em nome do nosso gostar.

 Mas naquele tempo, naquele momento, naquele ano, naquele EU, eu não tinha certeza. Combinamos assim, vamos esperar pra ver no que vai dar, enquanto isso a gente vive esse amor sem nome, sem chamar de amor, mas no fundo sabendo que era. Confesso que foi egoísmo da minha parte. Você chegou assim tão machucado, meu instinto é de cuidar bem perto até que esteja pronto de novo pra voar. Mas eu não sabia se eu queria te deixar voar.

 Trocamos músicas, elas agora são suas. Mas não seria amor se você não estragasse uma ou vinte músicas.

 Eu, Beatriz, chorei, escrevi tanto sobre ti, sonhei, sorri, mas nunca, nunca duvidei do que você me dizia. Só a minha certeza (aquela certeza de filme, certeza de comédia romântica, que eu acredito fielmente e sei que existe)  foi o que me segurou. Uma coisa que eu não senti, uma certeza que me faltou. E eu saí correndo, peguei as coisas, pedi desculpa, deixei um bilhete na geladeira. E eu sabia que não ia ser fácil, não sabia como sair correndo da melhor maneira. Não existe melhor maneira de sair correndo.

 Somos. E agora? Mesmo andando e sorrindo por aí, cada um sabe a falta que o outro faz. Quem sabe um dia a gente vai para um bar, bebe algumas cervejas e não esquece disso tudo. Não existe esquecimento.

 Tem gente que lembra de um amor antigo com raiva, tem gente que lembra com arrependimento e tem eu, que olho com carinho, sem arrependimento de ter saído assim dos teus planos. Apesar de você, apesar do seu nome esquisito, Teobaldo, ser um dos caras mais admiráveis que eu conheço, e olha que eu conheço muitos caras admiráveis. Apesar de saber que você vai ser um pai e um marido incrível. Torço com a maior sinceridade do mundo, que você encontre a tua mulher.

 Porque eu sei que por mais que você diga que não quer mais saber do amor, de mulher, de namoro. Você não desiste. Diz que parou, mas se vê balançado e consegue sonhar com a moça bonita que você viu no metrô hoje. Você é um romântico, um eterno apaixonado. E essa é a sua sina.

 Eu não te disse naquele tempo como eu me sentia, porque eu mesma não sabia. Mas hoje, eu te digo, com toda a certeza e conjugado no pretérito perfeito: eu te amei.