16 de out. de 2013

Compromisso com a verdade

Começou o jornal, aumenta o volume.
Nossa como tá bonita a moça, olha essa blusa.
Mas que horror esse assassinato.
Tinha que ser esses drogados.
Olha só tá passando a rua da Tia lá de Maringá na televisão.
Esses manifestastes vândalos são todos errados.
Que engraçadinho esse nenê, olha.
Político é tudo ladrão.
Brasileiro é tudo errado mesmo.
Aborto é muito ruim, é uma vida.
Quem faz essas coisas merece ir pra cadeia.
Que pena, tão jovem e morreu desse jeito.
Nossa que incêndio terrível.
Gente rica pode, né?
A culpa é da copa.
A culpa é da mãe que não educou.
A culpa é da sociedade.
A culpa é das drogas.
A culpa é dela que se vestiu assim.
Tá todo errado esse mundo mesmo.
Olha só dois homens querendo casar.
Não tenho nada contra mas se fosse meu filho eu não ia querer.
Duas mulheres querem ter um filho?
Imagina como isso vai ser ruim pra criança, né?

Mãe, a senhora tem um tempinho pra conversar comigo?

Espera um pouco filha, que vai começar a novela e hoje ela tá boa.

3 de out. de 2013

Amor de espelho

 Você gosta de Beatles e ele também,
 Você gosta de chuva e ela também,
 Querem conhecer a Europa,
 Têm uma tia em Belém

 A sua cor preferida é roxo?
 A minha também!!

 Toco bateria que nem você,
 preferimos o frio,
 tiramos o picles do hambúrguer,
 somos tão iguais.

 fomos feitos um pelo outro.

 Acho que te amo, acho sim.
 Ou será que amo o que eu amo,
 E você é só um reflexo do meu amor por mim?

19 de set. de 2013

TA: As flores de plástico não morrem

Textos Aleatórios. Que eu escrevo quando dá vontade, quando tem impulso, quando não dá para controlar e saio correndo em busca de papel e alguma coisa para escrever. Inspirado em pessoas que eu conheço, em desconhecidos e às vezes em mim. São textos de momento. Talvez eles caibam no seu momento também.


 A primeira vez que eu dei flores para uma mulher (que não fosse a minha mãe) foi quando eu tinha 15 anos. Ela foi a minha primeira namorada. Comprei um buquê de rosas vermelhas. Mas nosso namoro durou 2 semanas. Ela disse:
 -Beto, eu não gosto taaanto assim de você, estou afim do Pedro. Não estamos mais namorando.

 Nosso namoro foi como o buquê. Vivo, bonito e encantador no começo. Mas morreu logo, não tinha raízes. E assim como as flores que dei pra ela, esse amor foi parar no lixo.

A segunda vez que dei flores para uma mulher foi quando eu tinha 20 anos. Ela tinha visto em algum site um texto onde um cara entregava um buquê de rosas e dizia "Vou deixar de te amar só quando a última flor morrer", aí tinha uma flor de plástico que nunca morria. Ela achou tão lindo que eu fiz o mesmo. Os olhos dela brilharam quando eu entreguei o buquê imortal. Não deu meia hora e ela já nem ligava mais.

 E, novamente, nosso namoro foi como o buquê. Morto desde o começo, ficava ali parado, parecendo bonito, durando pra sempre. Namorei por 7 anos, amei durante 2. Quando ela foi embora, levou as coisas e só sobrou o buquê. E plástico se decompõe só em uns 100 anos. 
         

                                                        ---

 Hoje vou me encontrar com a Débora, faz um mês que a gente tá junto. Levarei flores.

 -Oi! Toma aqui um pacotinho de sementes.
 -Humm, rosas! Minhas preferidas! - disse ela enquanto ria e fingia sentir o delicioso cheiro de flores vindo do pacotinho.


 Débora ganhará flores só se cuidar. 


2 de set. de 2013

Projeto Studio62


"No centro de São Paulo, próximo à efervescente cena musical da Rua Augusta, o fotógrafo Rafael Kent clicou centenas de artistas em seu Studio.
Mas por que não registrar também aquilo que move a engrenagem do cenário musical? Por que não retratar a própria música?
Assim surgiu o Studio62.
Um projeto que convida artistas para uma experiência minimalista longe dos palcos. É numa atmosfera intimista em que apenas os equipamentos do Studio os cercam, para fazer com que a música se mostre direta e cruamente ao público.
Na contra-corrente das grandes produções, o Studio62 quer buscar esse estado mais fundamental da música e do artista, o momento mais autêntico da relação entre ambos e a forma que se apresenta ao público."  (via Projeto Studio62)

 Conheci o projeto pelo vídeo do Tiago Iorc (que foi o primeiro!), e me apaixonei. São vídeos lindos , intensos, simples e incríveis. Se você ainda não conhece esse projeto, veja os vídeos aqui. 

  Esse é o vídeo do Tiago Iorc, interpretando "Tempo Perdido"






 Um dos meus favoritos, é esse da Negra Li, interpretando "Saudosa Maloca", de Adoniran Barbosa. Usando somente a voz e o corpo. Incrivel.





  Nesse vídeo, Lucas Silveira, vocalista da banda Fresno, faz a versão acústica de "Diga, parte 2". Uma das músicas que me dão aquele nó na garganta. E me faz pensar "Queria ter escrito isso.".




Esses são meus três vídeos favoritos!

 Espero que se encantem e se emocionem com os vídeos também. E divulguem para os amigos, coisas boas devem ser compartilhadas!

14 de jul. de 2013

A nossa luta é todo dia contra o machismo, racismo, homofobia e nós mesmos

 Ontem (13/07/2013) participei da minha primeira Marcha das Vadias. E foi bonito. Tantas pessoas lindas, fortes, lutando contra tudo aquilo que já te prendeu um dia, lutando pelas suas mães, avós e irmãs. Lutando pelo que deveria ser ÓBVIO, que é o respeito e a igualdade entre todxs, que infelizmente ainda não existe. Lutando contra os padrões, lutando contra padrões que nos perseguem todos os dias, de todos os lugares, levantando-se contra o machismo. Foi lindo. 

 "Mas gente, vocês podem votar, tem mulher trabalhando como motorista de ônibus, a presidenta é mulher, pra que essa luta toda?" 

 Olha, é TANTA coisa errada que é difícil explicar tudo. 

 A mulher precisou LUTAR pelo direito de votar, para participar das escolhas políticas que influenciam as suas vidas e que criam leis que devem ser seguidas por todxs. Não te parece injusto? A mulher que dirige um ônibus, ou faz um trabalho que antes era trabalho exclusivo para homens, vai ser muito mais cobrada que um homem, se cometer um erro, vão dizer que é porque ela é mulher (como se isso fosse um insulto do qual deveríamos nos incomodar em ser). A presidenta é mulher. Okay. Em CENTO E VINTE E QUATRO anos de república, essa é a PRIMEIRA presidenta. É até esquisito para o nosso vocabulário usar presidenta, de tanto tempo que essa palavra ficou guardada nas gavetas. 

 A gente cresce aprendendo que boneca é coisa de menina, carrinho é coisa de menino, azul é cor de menino, rosa é cor de menina. E ainda é assim. Tem kinder ovo pra menina e para menino. E quem quiser brincar com os dois? Vai ser errado? Seu filho não pode brincar de ser pai? Sua filha não pode brincar de corrida de carrinhos? Claro que pode. Boneca devia ser apenas boneca e não brinquedo de menina. 

 E então crescemos mais um pouco e somos bombardeados com mais divisões. Menina não pode namorar, perder a virgindade, sair de casa de noite. Meninos devem. Mas e se a menina quiser? E se o menino não quiser? E se eles não se encaixarem nesse padrão normativo? Eles vão estar errados? Não. 

 A televisão mostra que devo ter meu cabelo liso, ondulado, a moda agora é usar salto, usar preto, usar brilho, ter nariz assim, ter peito médio, ter bunda grande, ter pele clara, diz que devo me preparar para o verão. Se preparar para o verão é o cúmulo, né? Como se fosse uma prova importante e você precisasse malhar e ficar que nem a modelo da foto de biquini para ganhar um selo de aprovação. 

 Fica aqui o manual definitivo de como se preparar para o verão: 
 1-Espere o verão chegar.
 2-Pronto. 

 Parece fácil, mas antes de sair gritando nas ruas, a gente luta uma guerra grande com nós mesmxs. De se olhar no espelho e falar: Cara, hoje eu tô demais. De não se encaixar no padrão de corpo e comportamento e SABER que tudo bem. De aprender a não julgar o outro pela roupa, pelo corpo, pela raça, pela opção sexual. 
 
 Eu quero mandar no meu útero. Quero ter poder escolher se quero ser mãe ou não. E assim, tem tanta gente querendo ser mãe e não consegue. E se investissem mais na pesquisa para ajudar essas mulheres? E se o processo de adoção fosse menos burocrático? 

 A luta continua depois da marcha. Lutar todos os dias. Contra o machismo enraizado dentro de nós. Contra essa mídia caga-regra. Lutar contra, mas lutar junto também, conversar com as pessoas, fazer pensar e refletir. Sair da inércia. Não é normal e não vai ser normal nunca estuprar alguém. Não é pra ser notícia e depois virar estatística. E nem é piada. Estupro corretivo não existe, estupro porque ela facilitou não é justificativa. A gente sabe disso, mas tem muita gente que não. É aí que a gente deve chegar. Conversar na escola, em casa e na rua (Por isso marchamos!). 

  Grite! Sua voz vai te libertar. <3 


23 de jun. de 2013

TA: Vinte e três de Junho de Dois mil e cinquenta e seis

Textos Aleatórios. Que eu escrevo quando dá vontade, quando tem impulso, quando não dá para controlar e saio correndo em busca de papel e alguma coisa para escrever. Inspirado em pessoas que eu conheço, em desconhecidos e às vezes em mim. São textos de momento. Talvez eles caibam no seu momento também.

  Aquele menino, sempre tem alguém. Sou do tipo de gente que vive de coração ocupado. Tenho 23 anos e tenho 13 anos de coração ocupado. Já jurei não gostar nunca mais de ninguém, nem que fosse o último cara perfumado da Terra. Mas quem disse que dá pra mandar nessas coisas? NÃO DÁ. Mas olha só que agonia.

  Estou aqui escrevendo em um diário, de papel mesmo, e escrevendo com caneta. Minha vó que me deu, hoje em dia é tão difícil de achar uma! Diz ela que guardou desde os tempos de quando ela tinha 20 anos, em 2013. Diz ela que aqueles eram os bons tempos. Ainda existiam celulares com teclas!! A obesidade era grande mas não tanta, algumas pessoas ainda tinham hortas em casa e foi naquele ano que milhares de brasileiros saíram nas ruas para protestar. Diz ela que é por isso que hoje nós conseguimos muitas coisas. O aborto era ilegal naquele tempo, imagine só!

 Foi lá que as pessoas começaram a compartilhar sua vida, e ainda se faziam de assustadas quando conversavam com alguém e a pessoa já sabia de tudo. Muitas das conversas eram "Cortei meu cabelo, achei que ficou bom" "Pois é, vi no seu Facebook", "Fiz uma tatuagem" "Eu vi no instagram.", "Acho que estou apaixonada" "Dá pra perceber pelos teus tweets".

 Mas eu não estava falando disso. Ia escrever aqui sobre hoje, sobre o que me aconteceu.

 Cheguei em casa, passei o dia todo pensando naquela pessoa. Deveria ligar? Hmm talvez não. Conversamos aquele dia, poderíamos fazer um belo par. Perguntei para a Pri, minha amiga do escritório, ela disse que conhecia um site onde você escrevia seu perfil e ele automaticamente procurava um perfil compatível ao seu. Descartei, disse que preferia a emoção de achar um amor sem querer. Sou viciada na sensação que mistura angústia e felicidade escondida.

 Essa dúvida é que é incrível. A gente pode deixar pra lá, mas não quer. Quer conhecer o mundo do outro, quer mostrar o mundo que você construiu com todo esforço, com todas as guerras que teve para conseguir a paz interior tão desejada, quer juntar esses dois mundos. E tudo isso pode depender de um "oi", de uma informação que você pede, de um convite que você faz, uma pessoa que você adiciona sem querer em alguma rede social, de uma ligação!!

 De qualquer maneira. Cheguei em casa, me joguei com bolsa e tudo no sofá. Chequei meus emails, levantei e fui até a cozinha para pegar uma água.

 Acho que deveria ligar para ele, pensei. Aí pronto. "Ligando para Aquela Pessoa" disse o comando de voz, em resposta ao meu pensamento.

 Maldita tecnologia.

16 de mai. de 2013

Teobaldo e Beatriz

(este texto contém pedaços de realidade, de coisas que eu inventei e talvez tenha farelo de biscoito, não há horários para lanchinhos no modo de vida que levo)
(os nomes são fictícios, só pra lembrar)

 Fomos. O que era? Nunca definimos ao certo, mas hoje vejo, com a nitidez que o míope vê quando põe os óculos, que era amor. Era grande, era lindo, repentino, espontâneo e verdadeiro. Como amor tem que ser, como foi. Era daquelas histórias lindas, que ia dar gosto de contar no almoço de domingo. A história de como começou, de como atravessamos todas as dificuldades em nome do nosso gostar.

 Mas naquele tempo, naquele momento, naquele ano, naquele EU, eu não tinha certeza. Combinamos assim, vamos esperar pra ver no que vai dar, enquanto isso a gente vive esse amor sem nome, sem chamar de amor, mas no fundo sabendo que era. Confesso que foi egoísmo da minha parte. Você chegou assim tão machucado, meu instinto é de cuidar bem perto até que esteja pronto de novo pra voar. Mas eu não sabia se eu queria te deixar voar.

 Trocamos músicas, elas agora são suas. Mas não seria amor se você não estragasse uma ou vinte músicas.

 Eu, Beatriz, chorei, escrevi tanto sobre ti, sonhei, sorri, mas nunca, nunca duvidei do que você me dizia. Só a minha certeza (aquela certeza de filme, certeza de comédia romântica, que eu acredito fielmente e sei que existe)  foi o que me segurou. Uma coisa que eu não senti, uma certeza que me faltou. E eu saí correndo, peguei as coisas, pedi desculpa, deixei um bilhete na geladeira. E eu sabia que não ia ser fácil, não sabia como sair correndo da melhor maneira. Não existe melhor maneira de sair correndo.

 Somos. E agora? Mesmo andando e sorrindo por aí, cada um sabe a falta que o outro faz. Quem sabe um dia a gente vai para um bar, bebe algumas cervejas e não esquece disso tudo. Não existe esquecimento.

 Tem gente que lembra de um amor antigo com raiva, tem gente que lembra com arrependimento e tem eu, que olho com carinho, sem arrependimento de ter saído assim dos teus planos. Apesar de você, apesar do seu nome esquisito, Teobaldo, ser um dos caras mais admiráveis que eu conheço, e olha que eu conheço muitos caras admiráveis. Apesar de saber que você vai ser um pai e um marido incrível. Torço com a maior sinceridade do mundo, que você encontre a tua mulher.

 Porque eu sei que por mais que você diga que não quer mais saber do amor, de mulher, de namoro. Você não desiste. Diz que parou, mas se vê balançado e consegue sonhar com a moça bonita que você viu no metrô hoje. Você é um romântico, um eterno apaixonado. E essa é a sua sina.

 Eu não te disse naquele tempo como eu me sentia, porque eu mesma não sabia. Mas hoje, eu te digo, com toda a certeza e conjugado no pretérito perfeito: eu te amei.

14 de abr. de 2013

Te mandei uma indireta, vê se chegou

Eu não acredito em você, não acredito na sua foto feliz com os amigos, não acredito no teu sorriso. Você não me desce pela garganta. Fica ali, entalada pra sempre, incomodando sem motivo.
 Isso importa para alguma de nós? Não. 

 Mas fazer o que né? Tem gente que o SANTO NÃO BATE, aí você não gosta. Não conhece direito, mas não gosta e não acredita. E nem faz questão. Uma pedra no sapato que quanto mais você chacoalha, mais você se irrita, porque ela não existe. E você tá lá, feito um babaca dançando com o sapato na mão. 

 Tem gente que me interpreta errado (ou acontece o contrário) e assim fica até o dia em que conversamos. Uma coisa que eu aprendi na minha vida é que a primeira impressão é sempre a errada, e nunca é a que fica. Já não fui com a cara de muita gente que hoje eu tenho um carinho enorme. (ei você que acha que eu sou uma babaca/louca/chata vem conversar comigo pra gente mudar essa idéia) (ou pra confirmar que eu sou realmente uma babaca/louca/chata mesmo e que nos odiamos para sempre)

 Eu gosto das pessoas, sabe? Mas tem uns dois, três que não adianta, não me convencem. Não que precisam convencer..................a paranóia é minha, o ódio é meu e a vontade de odiar gratuitamente também é. 

 Eu só queria saber se as pessoas sentem isso também, ou se devo buscar tratamento. 

 Grata. 

 Atenciosamente, 
 Tayná mi.

8 de abr. de 2013

TA: Sem promessas

Textos Aleatórios. Que eu escrevo quando dá vontade, quando tem impulso, quando não dá para controlar e saio correndo em busca de papel e alguma coisa para escrever. Inspirado em pessoas que eu conheço, em desconhecidos e às vezes em mim. São textos de momento. Talvez eles caibam no seu momento também. 

  Eduarda não prometia nada que abrangesse algo além de uma semana. Ela não gostava, achava que o mundo era enorme e aconteciam coisas demais. E era demais dizer "para sempre". Um dia ela conheceu Paulo, começaram a sair, dividiram segredos, começaram a namorar em uma semana. As pessoas ao seu redor metiam suas fuças onde não deviam e diziam: Mas é cedo demais para firmar compromisso algum, vocês estão se precipitando! 

 E quem disse que ligavam? Eduarda e Paulo saíam, iam ao cinema, aos bares, trocavam cartões, transavam, viajavam, brigavam e se amavam. Mas nunca disseram que amavam para sempre. Era um eu te amo simples, sem promessas, às vezes acompanhados de apelidos, ou acompanhados de "muito, sabia?, como nunca amei ninguém". Mas sempre sinceros, sem o peso nenhum que o "para sempre" tem. 

 Carol fazia promessas, às vezes cumpria, às vezes não. A promessa podia ser para amanhã ou para sempre. Ela acreditava, pelo menos no momento em que prometia, que as coisas seriam assim. Para sempre. Um dia ela conheceu Pablo, começaram a sair, dividiram segredos, começaram a namorar em uma semana. As pessoas ao seu redor metiam suas fuças onde não devem e diziam: Mas é cedo demais para firmar compromisso algum, vocês estão se precipitando! 

 E quem disse que ligavam? Carol e Pablo saíam, iam ao cinema, aos bares, trocavam cartões, transavam, viajavam, brigavam e se amavam. Na primeira vez que disseram que se amavam, prometeram: Eu te amo para sempre. Mas era um eu te amo pesado, com promessas, às vezes ditas sem importância, sem se olharem nos olhos, sem um beijo depois. Se amavam muito, mas foi só no começo, depois só continuaram se amando por inércia. 

 Mas amor assim não dá. E eles sabiam disso. E foi assim que acabou o amor eterno de Carol e Pablo.  

 Eduarda e Paulo se casaram, não com os votos da igreja, criaram seus próprios votos. Eduarda respondeu ao pedido de casamento assim:
 "Não faço promessas, você sabe, mas gosto de dividir meus medos, as contas e a vida com você. Vamos fazer isso no nosso tempo. Nosso amor é livre, somos livres para deixar o outro. Nós sabemos, mas não queremos. Eu te amo e esse amor só aumenta a cada vez que te vejo, que te beijo. Vamos nos casar!" 
 Tiveram dois filhos, três cachorros e nenhuma promessa que durasse uma eternidade. De vez em quando se desentendiam, mas se entendiam em menos de dois dias. E se apaixonavam um pelo outro. E foi assim até o fim da vida. 

 Era um amor de Vinicius de Morais. E foi eterno enquanto durou.