30 de nov. de 2012

Hoje à noite não tem Natal

 Hoje, dia 1 de Dezembro de 2012, faz exatamente um ano que estou trabalhando. Não trabalhando, mas fazendo baito (ou abrasileirando os fatos: fazendo bico). Pode parecer coisa pequena, mas eu estou orgulhosa de mim. Não me sinto completa, lógico, mas me sinto feliz!

 O começo foi difícil. Decidi que eu precisava trabalhar lá por Março de 2011, porque 2012 seria meu último ano, ia ter formatura, viagem para Okinawa e duas apostilas por bimestre para pagar. Decidi que seria bom tanto financeiramente como uma boa experiência na vida. Então eu comecei a procurar.

 Como eu estou no Japão, se eu fosse procurar um baito, decidi que ia ser em algum lugar japonês, não em lojas brasileiras (para melhorar mais uma língua, nada melhor do que usar ela, certo?). Comecei a procurar nos classificados, porque lá tem uma parte só de empregos voltados para estudantes do ensino médio. Primeiro liguei para onde a maioria das pessoas que estudam-trabalham ligam: Mc Donalds. E não deu certo, disseram que já tinham muitos estrangeiros lá...eu não devia ter ligado, eu devia ter ido lá direto (ficou aí o aprendizado para a próxima). Tentei no Saizeriya, liguei, marcaram entrevista, fui lá, disseram que iam ligar em três dias caso eu fosse contratada. E não ligaram.

 Depois liguei para uma creperia, o homem que atendeu perguntou se eu era de outro país (ainda não consegui tirar totalmente o meu sotaque na hora de falar), falei que sim, ele deu uma desculpa esfarrapadíssima dizendo que lá não aceitavam estrangeiros por causa da maneira que eles falam...SENDO QUE eu estava falando o japonês mais formal possível no telefone. Okay, não deu. Xinguei e bati nele (na minha cabeça, claro).

 Quando você é recusada duas vezes por ser estrangeira (algo que não dá para "arrumar"), e depois de passar por uma entrevista e não te ligarem depois, desanima um pouco...Mas aí restou um pouquinho de esperança. Fui na pizzaria que existe há um bom tempo aqui perto de casa e que eu nunca tinha percebido a existência até começar a procurar freneticamente por placas de "procura-se ajudantes". Liguei, e consegui marcar uma entrevista. Fui lá, fui contratada e faz um ano que estou com as pizzas.

 Os primeiros dias foram difíceis. Brigaram comigo por causa do meu sotaque e do meu jeito de falar. Mas assim, eu sou brasileira e não falo japonês a toda hora, eu TENHO sotaque. Mas eles não entenderiam isso.  Então eu aprendi. Chorei, fiquei triste, mas me esforcei e vi que melhorei muito no quesito sotaque.

 Claro que eu pensei em desistir, em jogar tudo pro alto e falar que não queria mais. Mas aí eu tinha que pagar a viagem de formatura, e tinha um objetivo maior: juntar dinheiro para não passar apertada a passagem de Japão-Brasil, eu quero fazer teatro e vou sustentar meu sonho! No final das contas eu paguei a minha viagem para Okinawa, paguei quase todas as apostilas desse ano, e não pedi mais dinheiro para os meus pais. Ganhei uma independência financeira ENORME e só tinha 16 anos (fiz 17 em Agosto). Mas acabei não juntando muito. (Fica aí a dica: JUNTE. Nem que for pouco.)

 Quando eu acordo sem vontade de ir trabalhar, ou quando estou cansada e tenho que ir, eu finjo que aquilo é uma peça. Que eu tenho que fingir ser uma atendente de uma pizzaria. Que é um papel necessário para chegar ao palco. Um ensaio :')


Queria agradecer todo mundo que me ajudou e me ouvir reclamar. Ia ser três vezes mais difícil se eu não tivesse meus amigos! E dizer que eu eu acho mágica a maneira como a gente consegue tirar força de onde não tem, quando pensamos na família e nos sonhos!


 Meu lugar não é lá, eu não amo o que faço (ainda!!). Mas eu não posso parar de sonhar grande e ir tentando. E eu não vou parar aqui.

 Se for preciso eu vou ter dois empregos. Um que sustente meu corpo e outro para eu alimentar a alma.

          Se você leu até aqui, obrigada! Um abraço apertado e se cuide =)

27 de nov. de 2012

TA: Ela mentia, ela vivia

Textos Aleatórios. Que eu escrevo quando dá vontade, quando tem impulso, quando não dá para controlar e saio correndo em busca de papel e alguma coisa para escrever. Inspirado em pessoas que eu conheço, em desconhecidos e às vezes em mim. São textos de momento. Talvez eles caibam no seu momento também. 

  Acorda de manhã, toma café e vai tomar banho. Gosta de sair mais cedo da cama para ter mais tempo de se arrumar. Ela deixa o cabelo secar naturalmente porque acha que fica melhor assim. Se maquia, coloca as roupas escolhidas na noite anterior e começa a escolher as mentiras que vai vestir hoje.
 Pensava em cada movimento que faria e nas palavras que ia dizer, não sabia seguir seu coração. Não existia verdade nos seus olhos. Sorria apenas quando necessário. Ela era egoísta, só pensava em quanto aquele ato ia lhe favorecer, em quanto ela poderia ganhar com isso. As pessoas eram degraus, ela queria subir.
 Tinha uma vida profissional boa, correu atrás do que queria, da única vontade dela que saía do coração. Ela também vivia saindo em colunas sociais de revistas, rodeada de glamour, de amigas bonitas, de sorrisos para foto. Volta e meia aparecia com namorado novo, mas não durava muito.
 Chega em casa, tira os sapatos e sente a felicidade em aliviar os pés. Toma um banho, come alguma coisa e sente saudade. Ela era cantora e naquela noite cantou sobre o amor para mais de 200 pessoas. Duzentas pessoas que que tinham alguém naquela noite. Sentia vontade de ligar, não tinha ninguém. Nenhum dos 97 contatos no seu celular, nenhum dos 17 colegas do tempo de escola e nenhum dos seus 5 ex-namorados. Queria mudar, mas deixava sempre para mais tarde, para depois.
 Deixou isso de lado, escolheu as roupas que vai usar no dia seguinte e se deitou junto com a solidão.